Por que a assessoria de casamento custa o que custa?

Por se tratar de um dos primeiros profissionais a serem contratados para o casamento, a assessoria é o primeiro impacto de valores que os noivos têm.

Agora que você bebeu uma água com açúcar e passou o susto, pense conosco: se formos colocar na ponta do lápis todo o tempo dispensado por este profissional, todo o seu know-how e a grande responsabilidade que este profissional carrega para atender um casamento (especialmente em comparação aos demais serviços), o valor cobrado pode ser considerado bem justo.

Tempo

Em geral, a assessoria começa a atender os noivos de um ano a dez meses antes do casamento. “Para uma organização completa, o prazo de trabalho pode levar até dois anos, principalmente nos casamentos realizados em paróquias importantes, que tem uma grande demanda para os sábados, e uma grande fila de espera. Mas em média, o prazo é de um ano de trabalho com cada casal”, afirma Sylvia Queiroz.

“Em alguns casos, onde os noivos não têm a pretensão de um local muito disputado, não pensam em usar fornecedores de grifes e o conceito seja básico e simples, podemos organizar tudo em menos tempo, mas nesse caso o mínimo seriam seis meses antes para garantir um bom trabalho”, explica o cerimonialista e assessor Fabio Entler Cimini.

Neste período, estão envolvidas diversas reuniões com os noivos e com os demais fornecedores de casamentos. “O assessor vai verificar pelo menos 20 itens do casamento (beleza da noiva, vestido, buffets, decoração, papelaria, etc), sendo que dentro de cada, ele irá levantar vários fornecedores. Depois, o assessor irá filtrar e passar algumas opções para o cliente escolher. No meu caso e de alguns outros assessores, nós acompanhamos os clientes em todas as visitas –o que dá uma média de 100 visitas por cliente. Se os assessores cobrassem por visita ou por hora de trabalho, o valor ficaria muito maior. Os noivos recebem tudo bem mastigadinho –é só escolher entre as opções e pagar. Se formos comparar com outros serviços de casamento, a assessoria é um dos itens mais baratos pelo tempo de trabalho que exige”, expõe a assessora Bel Benkler.

No dia do casamento, o assessor é, muitas vezes, o primeiro a chegar e o último a sair. “Em dia de festa, eu chego a trabalhar por 21 horas ininterruptas. Acompanho do início ao final da festa”, pontua Bel.

Deslocamentos e custos da empresa

Outro item que é levado em conta na hora de fazer assessoria são os deslocamentos e custos da empresa. “No meu caso, que trabalho com destination wedding, tenho um custo grande com gasolina e deslocamento em reuniões fora de São Paulo. Também faço muitas ligações interurbanas. Outros gastos envolvidos são os impostos pagos por ter uma empresa, custos de água, luz e telefone quando se tem um escritório. E mesmo para quem não tem um local próprio para atender, há os custos de marcar uma reunião em um café, por exemplo”, justifica Bel.

Know-how e atualização profissional

Para a assessora de casamentos Sylvia Queiroz, o fator principal que compõe o valor desta atividade é o conhecimento, seguido da experiência. “A pessoa que deseja trabalhar com a organização de casamentos deve ter um perfil adequado a esta função, e alguns atributos de personalidade e de comportamento que são essenciais, como disciplina, senso de organização; conhecer regras de comportamento e ter algum refinamento no trato com clientes e convidados; ter facilidade em dialogar e saber prestar muita atenção ao que o cliente está buscando ou pedindo; saber verbalizar com eficiência e instruir os fornecedores, sobre os desejos e pedidos dos noivos. Precisa conhecer regras mínimas do Cerimonial Social, e eventualmente do Cerimonial Público, quando se recebe algumas autoridades como convidados. Ter conhecimento do desenvolvimento de muitas cerimônias religiosas e rituais; saber identificar e fazer parcerias com fornecedores de qualidade; entender como construir um cronograma eficiente para a recepção. Conhecer sobre a legislação e normas de muitos itens que compõem um evento que, mesmo sendo familiar, pode ter mais de 1000 convidados. Investir muito em diversos cursos para este setor, para que consiga compreender muito mais sobre esta atividade, antes de se lançar no mercado”, explica Sylvia.

Inclusive, com base nos cursos que oferece para tentar aumentar o conhecimento e a informação dos que entravam no mercado com pouca ou nenhuma experiência, Sylvia lançou o livro “Casamentos – Manual de Planejamento, Produção e Organização”. “O livro é quase uma conversa minha com a organizadora, ou com a noiva que deseja organizar sozinha o casamento. Ele segue o passo a passo da organização com riqueza de detalhes, com citações dos erros, ou problemas mais comuns. Eu também fiz muitos comentários com as minhas opiniões pessoais, do dia a dia desse encantador e maravilhoso trabalho. Talvez ele seja um canal para que os noivos entendam o quão complexo é transformar o casamento deles em um evento inesquecível”, afirma Sylvia.

“Não basta ter organizado o seu próprio casamento e querer ter uma assessoria. Exige estudo. Embora não exista uma formação específica para esta profissão, existe uma série de cursos nesta área que podem ser feitos. Além disso, no meu caso, por muito tempo trabalhei com outros assessores para adquirir experiência na área. Por não ser uma profissão regulamentada, há muitas pessoas que querem entrar no ramo. No entanto, nem todas são capacitadas para isso”, comenta Bel.

E, assim como em várias profissões, exige uma atualização constante em cursos e feiras do segmento. “Antigamente, no mercado de São Paulo, por exemplo, havia poucos profissionais na área de casamento e poucos itens para ver em um casamento. Hoje as pessoas perceberam que este é um mercado próspero, pois mesmo com a situação atual do país as pessoas não estão deixando de casar. E cresceu muito o número de fornecedores e serviços no setor, além de terem ficado cada vez mais segmentados. Por isso é necessário se atualizar e se especializar, o que envolve gastos. Isso envolve também profissionalizar a equipe, pois é preciso ter bons profissionais atuando com o assessor”, destaca Bel.

Cimini concorda e acredita que um bom assessor ainda deve entender de logística, pois, em sua opinião, o sucesso de um evento está em fazer uma boa logística.

Equipe

No dia do casamento, é impossível trabalhar sozinho e o assessor conta com uma equipe para dar conta do recado, que pode variar de acordo com o número de convidados, ou se os noivos fizeram demarcação de mesas, por exemplo. “A equipe trabalha, em média, no dia do casamento 16 horas. São aproximadamente 10 horas de festa e cerimônia e mais umas 6h para acompanhar a montagem”, diz Bel.

De acordo com Bel, muitos assessores também pagam deslocamento e alimentação para a equipe. “No dia do evento, eu quero que o cliente sinta que eu tenho uma boa equipe. Preciso contratar pessoas que saibam se comunicar corretamente e lidar com o público, além de ter uma boa apresentação”, lembra Bel.

“Maestro” do casamento

Bel faz uma comparação interessante para explicar sobre o trabalho de assessoria: “Ele é como um maestro do casamento. Os fornecedores são como os instrumentistas. E o casamento é como uma grande canção única, personalizada e que só será tocada uma vez na vida, não dá para repetir. Como ‘maestros’, fazemos ensaios – que é o ato de conversar com os fornecedores, fazer timelines do dia e estabelecer um cronograma. Fazemos tudo isso para que, no dia, a música saia com as notas certas e o tom certo”, propõe Bel.

Durante a organização e o dia do casamento, um assessor lida com muitos fornecedores. “Recebemos a decoração, os bem-casados, o buquê, o pessoal do Vallet, entre outros. Muitas vezes, são mais de 100 pessoas durante o dia. E, por isso, é preciso lidar com todo tipo de pessoa – isso sem falar nos convidados bêbados. Antigamente, muitas vezes, quem fazia isso eram os familiares dos noivos”, explica Bel.

Exclusividade

Alguns assessores optam por atender um número menor de casamentos para atender aos noivos com maior exclusividade. “No meu caso, pego no máximo dois casamentos por mês, pois preciso ter tempo livre para atender um cliente. Mas existem empresas que pegam até 10 casamentos por mês e fizeram das assessorias uma indústria. Acredito que é difícil manter a qualidade com esta quantidade de casamentos”, alerta Bel.

Segurança e imprevistos

Com tantos fornecedores no mercado, o assessor, muitas vezes, é aquele que irá indicar profissionais mais adequados ao seu casamento, o que dá uma segurança maior aos noivos. “São muitas empresas no mercado de casamentos hoje. Com isso, os noivos ficam em dúvida para onde correr e como achar profissionais de ponta”, diz Bel.

Para Sylvia, a comemoração de casamento cresceu demais em relação aos itens que a compõe. “Ficou muito difícil para os noivos absorverem e resolverem tudo sozinhos. A figura do organizador profissional é muito importante. O risco de contratar uma assessoria desqualificada é diretamente proporcional ao baixo custo que os noivos desejam pagar. Eles ainda não conseguem compreender ou enxergar o quanto este trabalho, quando fruto de muito conhecimento e experiência, pode lhes evitar de desgaste e preocupações, insegurança na contratação dos demais fornecedores e o risco em contratar empresas com problemas, e uma economia importante, devido ao poder de negociação que estes profissionais podem ter com os demais fornecedores”, expõe Sylvia.

Na opinião de Fabio, contratar uma assessoria é a garantia de que tudo dará certo ou que ocorrerão menos erros através dos olhos de um profissional do ramo, que está acostumado com o serviço e preparado para os imprevistos que possam acontecer.

O seu evento é único

Outro ponto importante a ser levado em consideração é que a responsabilidade que o assessor carrega de fazer um evento único. Esta é uma questão que Sylvia trata em seu livro, inclusive. “Definitivamente, organizar um casamento não é a mesma coisa que organizar outras celebrações. Todo e qualquer desejo que tenhamos sobre qualquer outra festa, seja um aniversário, quinze anos ou formatura, nenhum deles carregará tanto sonho, tantos desejos e tanta entrega como o casamento. A necessidade deste evento ser único, perfeito e inesquecível, por todas as décadas seguintes, transfere aos organizadores uma responsabilidade imensurável em relação a todas as outras formas de festejar. Quem deseja trabalhar com a organização de casamentos tem que entender que ele precisa se tornar um expert, e que não lhe é permitido errar”, pontua Sylvia. Por isso, a grande responsabilidade do serviço do assessor de casamento.

O barato pode sair caro

Já virou um clichê quando se fala de casamento, mas é verdade – o barato pode sair caro em alguns casos. É o que acontece, por exemplo, dos assessores que cobram barato, mas ganham também uma espécie de comissão para indicar fornecedores. “O que acontece nestes casos é que é fácil para o assessor cobrar preço de banana. Se é algo aberto ao cliente, ok. Mas muitos profissionais trabalham de maneira velada. O ruim de quem cobra comissão é que muitas vezes a pessoa fica com rabo preso e não pode exigir dos demais fornecedores”, alerta Bel.

Escrito por: Marina Pastore
Fonte: ICasei

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